EVENTOS






O QUE FALAR QUER DIZER?
Singularidade e Diferença Hoje.



Data: 23 de novembro de 2018, de 08:00 às 13:00
Local: Hotel Windsor Barra, av. Lúcio Costa, 2630, Barra - Rio de Janeiro

Inscrições: https://goo.gl/ZNaF6e

Argumento


Em 2008 a Manhã de trabalhos do CIEN-Brasil teve como tema “A oferta da palavra hoje: quais as respostas do CIEN?”, indicando uma tendência generalizada no uso da fala como instrumento de transformação e ação. Em uma perspectiva utilitarista aliada à ciência, essa oferta da palavra foi tomada, no mundo, como instrumento de eficácia, buscando uma previsibilidade do sujeito e a produção de respostas pré-concebidas. Como consequência constatava-se que o mal-estar, o enigmático, inerente ao humano, não encontrava um lugar.


Frente a isso o CIEN se posicionava com “A oferta de dispositivos onde a palavra pudesse se tornar, pela forma como é escutada, um instrumento de criação de respostas e de abertura de caminhos inéditos – ou ainda, como indicou Judith Miller, o inconsciente pudesse no mundo contemporâneo, tornar-se audível”[1]. Isto é, pudesse ter um lugar no discurso.


As conversações inter-disciplinares dos Laboratórios do CIEN, em seu trabalho ao longo destes anos, nos mostram não só os efeitos do encontro de diferentes pontos de vista, do que cada um pode se servir do outro, mas também do que colocamos em jogo quando falamos: os limites, as contradições, os pontos de ruptura e paradoxalmente… o que faz laço. Não se inserir na lógica da resposta padrão ou da normatização faz aparecer a diferença em seu sentido amplo e a singularidade como modo de solução ao impasse que ali se apresenta.


Dez anos depois, propomos nessa VI Manha de Trabalhos do CIEN Brasil retomar essas questões: O que falar quer dizer? Buscando recolher nas experiências, entre as contradições dos efeitos de falar e do uso que se faz desse dizer, como os jovens e crianças se apresentam na sua singularidade? Qual a forma que cada um encontra para expressar suas diferenças em nossos dias e poder responsabilizar-se por elas? O que ouvimos dos seus dizeres, das suas invenções?


É possível apostar ainda hoje em uma boa forma de dizer, mesmo quando não há um discurso articulado para representar um sujeito? Ou seja, quando um lastro simbólico, social e afetivo vêm a faltar, deixando o sujeito sem um enganche que lhe permita representar-se ainda que pela oposição? Quais as consequências quando se retira essa aposta na palavra? O que a violência que se apresenta nas crianças hoje quer dizer?


A partir da prática dos Laboratórios, abordaremos os desafios e os recursos construídos em cada experiência do CIEN. Os testemunhos nos permitirão discutir sobre os seguintes eixos temáticos:


1- Em que apostamos quando propomos uma conversação do CIEN nos dias de hoje? Como reintroduzir o lugar da palavra e sua função? A partir do que se fala, quais os pontos de opacidade que se apresentam para cada um e os efeitos na fala que circula?


2- Singularidade e Diferença – A presença, em nossa época, de reações extremas diante da singularidade de cada um e seus diferentes modos de satisfação, nos faz perguntar sobre o ato e a palavra. Como cada criança e cada jovem pode constituir e sustentar seu lugar frente à intolerância? Como a violência nas crianças ou dirigidas a elas podem ser lidas?


Comissão de coordenação e orientação do CIEN-Brasil: Paola Salinas (Coord. Geral), Mônica Campos Silva, Mônica Hage e Vânia Gomes.


[1] Pitella, C.; Telles, H.; Rego Barros, M.R.C; Pavone, T. (Comissão de Coordenação e do CIEN-Brasil 2007/2011). Apresentação da Manhã de trabalhos do CIEN-Brasil Cien Digital, n 5. Novembro de 2008, pg. 4.


Envio dos trabalhos


Aguardamos a experiência dos laboratórios do CIEN até o dia 15 de setembro, para o e-mail brasil.cien@gmail.com

Cada comunicação deverá conter até 6000 caracteres, incluindo espaços e notas, na fonte Times New Roman, tamanho 12.




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O prazo para envio dos trabalhos para a Conversação Internacional do CIEN Americano foi prorrogado para 6 de agosto.

Abraço
Paola Salinas
Pela com Cien Brasil


CONVERSAÇÃO INTERNACIONAL DO CIEN-Americano

“Os laços sociais e suas transformações”
12 de setembro de 2017
"O porvir dos laços sociais"[i] foi explorado pelo CIEN há mais de uma década, em 2003, dada a dificuldade em construir pontes, laços de suporte e intercâmbio entre adultos, jovens e crianças em um mundo desagregado, disperso, múltiplo. A aposta do CIEN foi então: apontar àquilo que pudesse permanecer como função Outro, a partir da qual a criança pudesse se servir de seus próprios esforços e na companhia de alguns outros que encontrasse no caminho.

A preocupação pelo efeito segregativo e diruptivo que os discursos normatizantes produzem, habita o seio do CIEN desde a sua fundação, há pouco mais de 20 anos, em Buenos Aires, a partir de uma iniciativa de Jacques-Alain Miller. A primeira Jornada Internacional do CIEN, em 1998, em Barcelona, dedicou-se d´ "A Clínica frente à segregação". A segunda em Buenos Aires em 2000, ao abordar “Por trás das Normas - o detalhe", abriu espaço para ver de que modo as crianças, os adolescentes e os diferentes profissionais se arranjam com os impasses destes saberes que, de mãos dadas com a ciência e a técnica –e empurrados pela exigência oferecida pelo mercado de que tudo é possível–, frequentmente contribuem para arrasar aquilo que se apresenta como original ou diferente, esmagando o desejo.

Em jornadas posteriores, houve precisões sobre a incidência da cultura do instantâneo nos laços, e a resposta dos jovens que se fecham para ....

Isso nos leva a postular se, atualmente, aquilo que em dado momento explorávamos sob a idéia de agrupamentos a partir de modos de gozo compartilhados, foi substituído hoje por uma modalidade de laço que se apoia em grande medida nas diversas redes sociais, onde é difícil desprender-se da idéia de que ali impera a mais paradoxal solidão - por exemplo, o snapchat.

Esses laços, então, estão tomando novas formas, sobretudo com a hiperconectividade e a realidade aumentada, cada vez mais incorporada à vida cotidiana. Que tipo de ligação é a hiperligação [hyperlink]? Isto se apresenta como aporia, pois onde poderiamos supor uma ligação mais estreita, acaba se traduzindo em uma crescente dispersão e multiplicação.

Na comunicação, o mal-entendido da linguagem se contrapõe ao afã de uma “perfeita” literalidade –cuja impossibilidade mergulha os sujeitos em uma angústia cada vez maior.

Desvela-se, portanto, um efeito sinistro que advém da realidade virtual, que faz naufragar o amparo que provem do campo da realidade propria de cada um, a ficção que chamamos de fantasia.

Existe, por um lado, um empuxo a manter-se conectado o tempo todo a esta realidade virtual. Isto se verifica em todos os âmbitos da vida cotidiana, onde blackmirrors tornam-se companheiros inseparáveis. A linguagem se transforma à luz destes novos objetos, que ganham "vida" com sua insistência em fazer-se "ouvir", "olhar", "ler". É incessante, quer dizer, isso não cessa. Existe ali o efeito de um sem corte nessas comunicações, onde a implicação do corpo fica em suspenso.

Como se imiscui tudo isso nos diversos campos institucionais? Tomemos por exemplo o campo do Direito, onde o empuxo midiático faz oposição à mediação simbólica buscada nas mãos da lei.

A ciência da saúde também está cada vez mais infiltrada pelo uso das telas –nos estudos por imagens– e nas "consultas" que prescindem da presença do "corpo" do paciente, pela foto digital enviada por um familiar ao celular do médico que diagnostica e indica tratamento pela mesma via.

E, o que podemos dizer do campo pedagógico? Trata-se de um terreno com ambiguidades. Por quê? Porque, por um lado, há um "uso" legítimo que as crianças e os jovens podem fazer das redes e telas ao serem incorporadas como meios para a relação com o saber.

Por outro lado, nesse mesmo ponto encontramos que essa sujeição incesante a esse modo de laço subtrai a necessidade do corpo para encarnar uma relação com o saber. Isto se torna complexo de tratar e de situar no âmbito escolar, onde ainda se convoca à participação de um sujeito desejante, de carne e osso, para a aprendizagem, que envolve as crianças e os adolescentes, mas também aos profissionais que os recebem.

Isto reabre questões nos diversos praticantes que alimentam os laboratórios do CIEN, dispostos a interrogar o que não sabemos, o que não entendemos, o que se apresenta como reflexões paradoxais, que requerem a abordagem e a elucidação daquilo que enlaça as crianças e os jovens, justamente ali onde em diversas ocasiões constatamos que o corpo –não só a dimensão da palavra– é afetado por essas novas formas.

Assim, propomos conversar sobre as invenções das crianças e dos adolescentes não tanto contra os efeitos do novo, mas sim com o uso que estes dão ao novo: novas formas de “dizer”, de “fazer”, de gozar, de viver. Qual novidade implica o uso da palavra nas redes? Como o corpo participa disso?

Tradução: Vania Gomes
Revisão: Nohemi Brown


[i] Argumento da Jornada Internacional do CIEN “ O futuro dos laços sociais”, realizada em Buenos Aires em 20 de setembro de 2003. Publicado no Caderno 5 do CIEN, novembro de 2004




Solidão e Laço na adolescência
Argumento

Solidão e Laço. Dois termos opostos, antinômicos. Um, negativo; outro, salutar. Não, não foi essa visada que levou o CIEN a elegê-los como tema de nosso próximo encontro.

Dentre os muitos paradoxos da experiência humana que a psicanálise ajuda a abordar, esse talvez seja o mais crucial para a adolescência: um bom laço só é possível quando respeita e sabe acolher a solidão de um jovem. As ideias, sensações e experiências corporais que parecem radicalmente estranhas ao social são, ao mesmo tempo, a bússola de nossa aventura na vida.  

Um laço sem solidão equivale ao anonimato na multidão, ao apagamento do brilho e da criatividade juvenis. A solidão sem laço, por outro lado, é a perdição, o desamparo, o flerte com o fim da vida.

Esses dois polos da experiência adolescente são certamente bem conhecidos de todo aquele que desejou escutar a juventude.

Como escapar deles? Que cruzamentos entre solidão e laço são possíveis para os jovens? Como ajudá-los a inventar um bom encontro se sua vida tornou a tarefa especialmente difícil? 

Fundado na psicanálise de orientação lacaniana, mas ao mesmo tempo destinado a explorar suas fronteiras, o CIEN se dedica ao trabalho com jovens fora do terreno da clínica. É desses ambientes heterodoxos que teremos notícias na Manhã de trabalhos do CIEN-Brasil.

Das Conversações realizadas com jovens e com equipes interdisciplinares dedicadas a trabalhar com eles, chegarão desafios e soluções contemporâneos. Os Laboratórios do CIEN foram convocados a partilhar e debater aquilo que têm garimpado sobre os seguintes eixos temáticos:

1) Como as novas tecnologias e as redes sociais impactam a costura entre solidão e laço?
2) Que usos e desusos das línguas têm sido inventados pelos jovens na tessitura de seus laços e na tradução de sua solidão?
3) Como a adolescência cria e experimenta as novas permissões e exigências destinadas aos corpos?

Esperamos vocês para discutir esses temas, apaixonantes e fundamentais para nosso tempo.

Envio dos trabalhos

Aguardamos a experiência dos laboratórios do CIEN até o dia 15 de outubro, para o e-mail brasil.cien@gmail.com
Cada comunicação deverá conter até 6000 caracteres, incluindo espaços e notas, na fonte Times New Roman, tamanho 12.

Comissão de coordenação e orientação do CIEN-Brasil: Nohemí Brown (Coord. Geral), Lucíola Macedo e Rodrigo Lyra
Comissão adjunta: Paola Salinas (Coord.), Mônica Campos, Mônica Hage e Vânia Gomes.



Comissão da equipe de mídias: Miguel Antunes (Coord.)


VII JORNADA INTERNACIONAL DO CIEN

CRIANÇAS SATURADAS

Com a presença de Miquel Bassols (Delegado Geral da AMP)


Local: World Trade Center - São Paulo - SP

Data: 03 de setembro de 2015 – quinta-feira

Horário: 12h a 17h

Informações:  brasilcien@gmail.com 




ARGUMENTO

Nossa Jornada Internacional do CIEN terá por tema “Crianças saturadas”. O título já remete ao excesso ao qual muitas crianças e adolescentes encontram-se submetidos na atualidade. Saturados, fartos, saciados, termos que indicam a satisfação, mas levada até o fastio.

Na atualidade podemos constatar que, apesar de as crianças e os adolescentes ganharem novos espaços em diferentes áreas dos saberes e práticas, tais como o Direito, muitas das vezes, no afã de protegê-los, terminam por submetê-los a saberes e práticas que acrescentam um plus, algo a mais. Um exemplo foi o recente e acalorado debate sobre a chamada comida Junk food. Considerada prejudicial para a saúde dos pequenos pelo alto teor de açúcar, sódio e gorduras saturadas, foram objeto de dois Projetos de Lei na Assembleia Legislativa de São Paulo, que pretendiam limitar os horários de veiculação de propagandas de junk food, como também, proibirem a distribuição de brinquedos associados aos alimentos. Porém, além de regular a publicidade, deveriam incluir advertências dirigidas sobre os males da obesidade infantil.


Podemos dizer que as formas de saturação são múltiplas e diversas. As crianças parecem saturadas por saberes, por ofertas, por demandas, por medicamentos, por gadgets e pelas imagens que deles proliferam, numa profusão nunca antes vista. Paradoxalmente, frente a esse excesso, elas encontram-se sozinhas, entediadas e desorientadas. Muitas vezes, as telas e as drogas tornam-se um recurso fácil e imediato frente à angústia, ao mal-estar e à solidão. As crianças e adolescentes, tão solitários quanto desorientados, passam muito tempo na internet e diante das telas, dos games e da televisão. A tela que conecta é a mesma que pode distanciar. Trata-se de uma infância negligenciada, onde as telas passam a se ocupar das crianças, instalando uma relação de dependência que a criança encontrará novamente na adolescência, através da oferta de objetos de todo tipo, por um mercado cada vez mais agressivo e em franca expansão. (LAURENT, E., “A crise do controle da infância” In. Crianças falam! E têm o que dizer, 2013, p. 38).



Assim, a solidão da criança e do adolescente não provém apenas de famílias “desestruturadas”, de situações de carência, de crise ou de doença. Ela se produz na própria relação que a criança estabelece com seus objetos, perturbando, inevitavelmente, o laço com os outros. Aos objetos de satisfação imediata ou objetos de gozo, como dizemos em psicanálise, entre os quais se incluem as telas e as drogas (e também os medicamentos), se agregam diferentes campos de saberes e, inclusive, as demandas sem fim relacionadas ao que pretensamente se deveria esperar de uma criança.



Uma vez mais, a proposta CIEN se coloca no olho deste furacão, assumindo o desafio de abordar tais impasses contemporâneos em espaços institucionais interdisciplinares. Uma prática que, através do dispositivo da conversação, permita produzir interrogações para dar um lugar mais digno aos modos de resposta, sempre únicos, de cada criança ou adolescente. Para que não fiquem reduzidos a meros objetos de consumo e de saberes, e se abra a via de um desejo e de uma invenção própria. O que podemos extrair da prática do CIEN para pensarmos tais questões atuais e seus impasses? O que nos ensinam as crianças e adolescentes através de suas pequenas invenções quando, nas instituições, lhes oferecemos a palavra?



Mais do que respostas, este argumento propõe perguntas para que cada laboratório possa compartilhar e, a partir do trabalho conjunto, transmitir os efeitos de suas experiências, tanto aquelas realizadas no âmbito das conversações com as equipes interdisciplinares, quanto as que se realizam com as crianças e os adolescentes.

EIXOS TEMÁTICOS

  • Crianças e adolescentes saturados por imagens
  • Crianças e adolescentes saturados por saberes e práticas
  • Crianças e adolescentes saturados por drogas lícitas (medicações) e ilícitas
  • Crianças e adolescentes saturados por demandas


 ENVIO DE TRABALHOS

Aguardamos a experiência dos laboratórios do CIEN até o dia 10 de julho, para o e-mail brasil.cien@gmail.com
Cada comunicação deverá conter até 6000 caracteres, incluindo espaços e notas, na fonte Times New Roman, tamanho 12.


INSCRIÇÕES

Para se inscrever basta realizar um depósito bancário no valor do evento.

Banco Itau
Agência 0311
CC 04915-9 
CNPJ: 054206700001-80
Jornada CIEN - R$ 65
Jornada CIEN e NR-Cereda - R$ 80.
Em seguida enviar cópia do comprovante para cienceredatya@gmail.com
Incluir as seguintes informações:

  • Nome completo:
  • Evento para o qual está se inscrevendo:
A secretaria do ICP enviará um e-mail confirmando a inscrição.
Esta mensagem será o comprovante de inscrição. Não esqueçam de imprimi-lo e levá-lo no dia 03 de setembro.
A apresentação desta confirmação é imprescindível. 
Lembramos que as inscrições para os eventos satélites são Independentes do VII ENAPOL.

Links de contato:

CIEN-DIGITAL (Boletim Eletrônico dos Laboratórios do CIEN no Brasil)





 IV TARDE DE TRABALHOS DO CIEN BRASIL
Local: Centro de Convenções Dayrell Hotel  Belo Horizonte/MINAS

   
  
TRAUMA E REAL  O que as crianças inventam?

        Na época atual, as práticas com crianças e adolescentes tendem a privilegiar a prevenção e o controle, visando evitar acontecimentos “traumáticos”. Dá-se ênfase ao maltrato, abandono e abuso, em que a criança é vítima, deixando-se, em segundo plano, as respostas singulares que cada uma pode constituir face ao real.
         Muitas vezes, o controle dos efeitos produzidos por tais acontecimentos se faz por meio de protocolos e prescrições de condutas previamente estabelecidas, com o intuito de eliminar o mal-estar do vivido. Assim, seja no âmbito do jurídico, da saúde ou da educação, crianças e jovens, restam apagadas pela dimensão do acontecido e sumariamente identificados apenas por diagnósticos.
     Ora, para Lacan, acontecimento externo e trauma são radicalmente distintos. Um acontecimento pode adquirir valor de trauma, mas isso depende da maneira como é subjetivado e da resposta pulsional. Sabe-se que um mesmo acontecimento repercute diferentemente em sujeitos diferentes. Para a psicanálise, no que concerne ao real, não há previsibilidade possível, o que funda para o ser falante a exigência de ter que se virar com a contingência e inventar os laços que o sustentem.
        O CIEN aposta nas invenções singulares que as crianças e adolescentes constituem para responder ao real do gozo. Se a irrupção de um real está atrelada à surpresa, pode-se dizer que a aposta do dispositivo da conversação, nos laboratórios, implica em possibilitar a passagem da surpresa do impasse – ou seja, aquilo que não cessa de não se escrever –, ao encontro com a contingência de uma invenção, que traga a marca do cessa de não se escrever. Neste ponto, é fundamental que os adultos acolham e propiciem as invenções, que tornam possível à criança, uma a uma, um laço com o social.
    A formação do analista faz-se necessária para que o dispositivo da conversação interdisciplinar se constitua em espaço de expressão do desejo e da singularidade, capaz de fazer vacilar saberes e significados impostos pelo discurso do mestre contemporâneo. Assim, a prática interdisciplinar do CIEN pode preservar o furo no simbólico, uma das versões do trauma, sob a forma de um “não saber”, como a boa maneira de se orientar pelo real.
     Na IV tarde dos trabalhos do CIEN “Trauma e real: o que as crianças inventam?” esperamos colher “surpresas” de diferentes ordens, que apontam para diferentes formas de considerar o real em jogo.

Eixos temáticos:

  • o impossível do impasse à contingência da invenção: as invenções das crianças e dos adolescentes;
  • a surpresa do impasse à surpresa da invenção: as novas leituras das equipes interdisciplinares;
  • A formação do analista e a conversação interdisciplinar;
  • Da normatização à invenção: os impasses contemporâneos.
  


ENVIO DE TRABALHOS

     Escrevam a experiência de seu laboratório do CIEN ou a experiência inter-disciplinar que acontece em sua instituição e enviem-nos até o dia 20 de setembro, para o e-mail brasil.cien@gmail.com          
Cada comunicação deve conter até 4000 caracteres, incluindo espaços e notas, na fonte Times New Roman, tamanho 12.

INSCRIÇÕES

     As inscrições para participar da IV Tarde de Trabalho do CIEN Brasil podem ser feitas pelos e-mails: ipsmmg@institutopsicanalise-mg.com.br ou brasil.cien@gmail.com  Tel.(31) 3275-3873.
O valor da inscrição é R$40,00 – (Inscrição CIEN + NRCereda: R$85,00)
    Aguardamos você! As vagas são limitadas!


III MANHÃ DE TRABALHOS DO CIEN BRASIL
Local: Hotel Pestana - Salvador/BAHIA

  
FURANDO ETIQUETAS O traço da Política do CIEN


O entusiasmo que acompanha a enunciação de um saber inédito tem sido a marca da transmissão dos diversos laboratórios do CIEN no Brasil. Cada laboratório apresenta-o a partir de suas singularidades, inquietações e invenções que lhe são próprias em seu campo de pesquisa e intervenção. É com essa diversidade pulsante que temos feito das Manhas de trabalho do CIEN, um momento vivo e especial, onde a troca de experiências, de formalização e orientação, instiga e sustenta o desejo de CIEN no Brasil.

É com essa força que realizaremos a III manhã de trabalhos do CIEN Brasil, em Salvador, no dia 25 de novembro de 2012, com a presença de Eric Laurent animando nossa conversa sobre a etiquetagem generalizada da criança, em nossa época. Com o tema "Furando etiquetas - O traço da política do CIEN", convidamos a todos vocês a participarem dessa grande conversação.
Esse ano, a nossa Manhã de trabalho contará pela primeira vez com a transmissão vibrante do testemunho de um AE - Ana Lydia Santiago, que ao ser convidada, decididamente, nos enviou o título de seu relato para a ocasião: "O CIEN no passe de cada um". Receberemos com entusiasmo, sua transmissão.
Aguardamos os trabalhos dos colegas que desejem transmitir a pesquisa dos laboratórios do CIEN, bem como relatos de experiências interdisciplinares diversas que abordem o tema de nossa conversação. Os trabalhos poderão ser individuais ou coletivos e  serão recebidos pela Comissão de Orientação do CIEN Brasil. Designaremos leitores para conversarem com cada trabalho rumo  à   grande conversação que pretendemos realizar em Salvador, com a participação de todos.
Aguardamos a sua contribuição!

Ana Martha Maia, Fernanda Otoni e Siglia C. De Sá Leão
Comissão de Coordenação e Orientação do CIEN Brasil


FURANDO ETIQUETAS – O traço da Política do CIEN

 “A criança hoje,é uma questão de poder e nós temos que dizer onde nós nos inscrevemos diante desse espetáculo” (MILLER, 2012)


A ‘grande aliança’[1] entre a administração pública, a ciência e o mercado selou-se através da gestão bio-política das populações ancorada em significantes mestres fabricados em série. Desde então, a infância tem sido catalogada e as políticas universalizantes que lhe concernem têm sido pautadas a partir da lógica acéfala da avaliação baseada em etiquetas.
O termo ‘bio-política’ foi tecido por Foucault para designar a produção de seres vivos como uma questão de poder.  Miller nos convida, nesta mesma linha, a falarmos de ‘epistemo-política’ quando se trata de designar a política dos saberes que visam especialmente à a criança e que procuram lhe conferir uma identidade ‘nacional’. “A questão é saber, a respeito da criança, com quais significantes mestres ela será marcada”[2].
Para esse tipo de política, crianças e adolescentes não falam, mas são falados em blocos. Hiperativos, deprimidos, fóbicos, autistas, delinquentes, doentes mentais, dislexos, irrecuperáveis, psicopatas, etc. Rótulos são distribuídos em escala mundial a partir da avaliação comportamental baseada na mediatriz, configurando o momento atual quando grande parte das crianças se encontra categorizadas a partir das etiquetagens e monitoradas segundo os manuais para controle social. O traço da singularidade de cada criança e adolescente é apagado. Significantes únicos encerram a pergunta sobre o que pode e ensina a criança de nossa época. O sujeito desaparece para elevar ao zênite a criança como objeto precioso.
O que esperar das crianças que imperativamente foram marcadas pelos rótulos das avaliações escolares e científicas? Pergunta crucial, afirma Eric Laurent, “pois as crianças são o futuro”. Submetidas a um novo regime do saber e classificadas para o controle geral, cada vez mais precocemente, tais crianças são identificadas e treinadas com um método e uma disciplina de ferro, cuja resposta no momento atual, pode fazer-se ler no desenvolvimento de isolamento social, síndromes e transtornos ditos de atenção que fazem com que elas estejam agitadas em permanência.[3]
Num só golpe, a etiquetagem generalizada que orienta os diagnósticos e prognósticos para implantação das políticas de controle das crianças e jovens, também é responsável pelo apagamento da marca viva e singular com que cada sujeito apresenta suas respostas à infância que lhe concerne.
Por outro lado, nos campos da educação, saúde e justiça tem sido comum encontrar profissionais embaraçados, inibidos e silenciados pelo furor institucional a exigir o cumprimento cego de procedimentos visando contabilizar resultados consonantes com o projeto de gestão. Protocolos determinam como as intervenções das equipes devem acontecer, engessando a prática através do molde ‘como o mestre mandar’. O saber fazer de cada um é apagado pelo dever fazer protocolar.
Também aqui, a resposta viva dos profissionais tem sido maciçamente obturada pela intromissão de significantes obscuros advindos do catálogo avaliativo e classificatório cujo forçamento busca homogeneizar a experiência interdisciplinar ao modo dos enunciados disciplinares. As respostas singulares dos profissionais inventadas a partir de seu saber fazer são abortadas e sufocadas pelo saber maciço advindo de um pensamento único.
O CIEN ao propor uma conversação inter-disciplinar tem como visada produzir o arejamento dessa discussão e dar lugar aos furos  que a linguagem faz no corpo, de tal sorte que seja possível aos profissionais, orientados quanto ao real pulsional em jogo, atravessar as etiquetas e alcançar o sujeito, em sua singularidade e com suas respostas. O saber da criança é um saber autêntico em condições de ensinar mais além do saber científico e classificatório das etiquetagens à disposição no mercado atual, tal como nos ensinam os   relatos dos AEs em seus testemunhos públicos.
Os laboratórios do CIEN, em diversos estados do nosso país, têm se dedicado a conversações inter-disciplinares, buscando inserir uma porosidade operante onde as etiquetas sufocam. É com essa força política que animaremos e conduziremos a III manhã de trabalho do CIEN Brasil, quando iremos realizar uma grande conversação à altura de nossa época, interrogando os efeitos de uma política para a infância baseada em etiquetas.
Com o tema "Furando etiquetas - O traço da política do CIEN", convidamos a todos vocês a participarem dessa grande conversação.


Fernanda Otoni de Barros-Brisset
Coordenação CIEN Brasil


ENVIO DE TRABALHOS
Escrevam a experiência de seu laboratório do CIEN ou a experiência inter-disciplinar que acontece em sua instituição e enviem-nos até o dia 20 de setembro, para o e-mail brasil.cien@gmail.com. Cada comunicação deve conter até 4000 caracteres, incluindo espaços e notas, na fonte times new roman, tamanho 12.

INSCRIÇÕES
As inscrições para participar da III Manhã de Trabalho do CIEN Brasil podem ser feitas pelo email ebpbahia@terra.com.br. Tel. (71) 3235-9020 - 3235-0080.
O valor da inscrição é R$30,00.
         Aguardamos você!
As vagas são limitadas.


[1] MILNER, J.C. Le grand secret de l’idéologie de l’évaluation. In: Le Nouvel Âne, nº 2, decembre-2003.
[2] MILLER, J-A. O saber e a criança. In: CIEN-Digital, nº 11, feveveiro-2012
[3] LAURENT, E. O supereu sob medida. Agente, setembro-2011

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